terça-feira, 22 de junho de 2010

Red LIght District

Bem… ontem eu estava super cansado, pois mesmo tendo economizado um pouco dos pés com as bicicletas, digamos que as dores foram para outro ponto de apoio do meu corpo. Minha intenção era ficar o resto da noite no albergue descansando e sequer sair para comer alguma coisa. Mas aqui em Amsterdam qualquer roteiro é falho… Encontrei um brasileiro (mais um) que está no nosso quarto. O cara é pernambucano e mora em Barcelona. Aí vc já viu né? coterraneo… a gente fez logo amizade e ficamos conversando, seu nome é Felipe. Ele é arquiteto e está fazendo mestrado na sua área em Barcelona, afinal lá é muito famosa pela bela arquitetura. 

Embora nem eu nem Jr estivéssemos a fim de sair, Felipe insistiu tanto que resolvemos acompanha-lo em uma volta pelo Red Light District, que fica próximo ao albergue. Assim como vários outros brasileiros, ele está em Amsterdam apenas por um dia e vai embora hoje mesmo.  Observei que o pessoal aqui não se preocupa com roteiro, com reserva de passagens ou com reserva em albergue… eles vão na doida mesmo. Presenciamos o check-in de uns cariocas e vimos que eles nem sequer tinham decidido quantos dias ficariam em cada lugar. Tipo, eles pegam as roupas e vêem pra Europa, quando chegam aqui é que decidem para aonde vão e qt tempo vão ficar… embora isso seja legal pq vc não fica engessado a um roteiro… é foda pq sem programação vc corre o risco de perder grandes atrações nos lugares. Mas esse não é o caso de Amsterdam, pois a maior atração são as putas da vitrine.

No distrito das putas ficamos rodando e vendo as "ofertas". Como nenhum de nós estava ali para fazer compras, o jeito foi tornar a vida das putas mais divertida. Eu resolvi que ia perturbar, numa boa claro, sem arrumar confusão. Tem algumas mulheres que estão ali só para fazer o seu trabalho mesmo. Essas ficam ali estendidas na vitrine e se vc perguntar o preço elas respondem. Se ela perceber qualquer interesse abre a porta e te convida a entrar, só que se ela perceber que a gente só tá zuaando, ela bate a porta na cara e faz sinal pra a gente sair. Contudo tem outras meninas, a maioria, que são bem mais descontraídas e dá até pra vc brincar com elas. Teve uma que eu parei para olha-la, ela abriu a porta e me convidou pra entrar. Lógico que eu me recusei, mas ela insistiu: "toque aqui em mim" (na bunda) "veja como sou quentinha". Eu refutei a oferta e disse: "Não posso… senão vou ter um ataque cardíaco" e ela de pronto, sem sequer pensar, sacou um chapéu de enfermeira e uma blusa (ambas com aquela cruz vermelha) e mandou: "Não tem problema, eu cuido de vc…." Caralho… Eu achei fantástica a perspicácia da criatura. Eu prefiro pensar que a insistência dela se deu pelo fato de eu ser uma delícia e não que ela queira me arrancar 50 euros, sabe como é né? cada um acredita no que quer…. rsrsrsrsr

Outro fato engraçado que aconteceu. Estávamos apreciando as vitrines e topamos com uma puta lindíssima. Pelo jeito ela já estava pirada com o vai e vem das pessoas e ninguém parava pra "consumir". Ela bateu no vidro (possivelmente com uma chave), ao que viramos pra ela e ela fez aquele sinal clássico com os 2 braços… e disse "Vamos meninos, vamos meninos, vamos fuder, PORRA!!!!!". Essa menina me fez pensar que talvez algumas delas estejam ali não apenas pelo trabalho, mas pq elas gostam da  putaria. Tem umas que ficam se esfregando no vidro que sinceramente…. é foda!!! Tem outras que fazem umas dançam bem sugestivas (se é que vcs me entendem), embora fiquem devendo no rebolado. Teve uma que eu estava olhando que me chamou pra entrar (como todas fazem). Eu disse que não podia, pq eu nunca tinha feito sexo e que ia casar virgem. Ela abriu um sorrisão e disse: "Eu caso com vc, entra aqui…" rsrsrs, hilário!!!

Observando o trabalho das meninas eu percebi que, de fato, o sexo aqui é tratado com muita naturalidade. Mesmo assim, acho difícil ser uma coisa 100% normal, mesmo para os holandeses já acostumados com isso. Talvez meu pensamento seja de um brasileiro "puritano" (Puxa!!! Eu puritano, quem diria!). Mas imaginem vcs como pais de uma dessas meninas. Não é possível que um pai ache que isso é a mesma coisa de ser uma secretária ou enfermeira ou uma advogada. Muito difícil pensar assim. Aqui tenta-se tornar isso tão natural quanto possível e o que acontece, na minha opinião, é mais nocivo do que bom. Quando digo nocivo, não me refiro a qualquer questão social, mas a questões interpessoais. Afinal a banalização do sexo aqui, o torna menos importante ou até mesmo desinteressante. As meninas da vitrine não passam de um "lugar" para descarregar, pois em 15 ou 20 minutos é impossível fazer qualquer coisa que preste e não só por isso, mas por toda a circunstância em si. Aí eu penso: Porra, se for pra descarregar, arruma um banheiro e toca uma… bem mais barato. Talvez isso explique algumas "casas de shows" próximas ao Red Light District, onde vc paga um valor e vai pra uma cabine (sozinho, eu acho). Dentro da cabine tem uma poltrona, uma TV e um rolo de papel higiênico. Deu pra imaginar o que se passa lá ou quer que eu desenhe?

Talvez o que aqui seja realmente 100% normal é a livre utilização de drogas. Aqui não é nada incomum ver pessoas fumando maconha na rua e até mesmo dentro os quartos do albergue, embora isso seja proibido dentro de recintos fechados e em alguns lugares da rua. Aqui ninguém se esconde pra enrolar um baseado, muito menos para acender o "beck". Além disso, todas as casas de lembrancinhas vendem a seda (papel usado pra enrolar). Tem seda de tudo quanto é jeito e se vc se interessar por esses produtos, o vendedor ainda pode te convidar pra provar um chá de cogumelos. Dizem que é muito bom, mas eu vou deixar pra uma próxima…. Além da seda, tem muitos outros produtos para a clientela "mente aberta". São apertadores de erva, caixinhas pra guardar, chaveiros com a folhinha, camisetas (uma até bem engraçadas, fazendo apologia forte ao uso de drogas). Tem ainda produtos para usuários que moram em países onde o uso ainda não é liberado, ou seja, quase todo o resto do mundo. São objetos do cotidiano com esconderijos onde pode-se esconder o "bagulho". Eu vi vários modelos, desde batons, espelhinhos, chaveiros e muitos outros.

Resumindo… Amsterdam é o paraíso para os maconheiros e afins. Quem gosta da parada e quer se sentir livre… esse é o lugar. E se ainda restar alguma força e alguns Euros, ainda dá pra dar uma rapidinha com uma "moça" da vitrine…. 

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